segunda-feira, dezembro 24, 2012

Especulação sobre uma lista de livros (em construção)

Fazer listas de filmes ou de livros é algo complexo. Existe sempre a limitação pessoal. A experiência, o influxo de cada leitor. O crivo diletante daquele que faz a lista - o meu caso. Ainda me sinto muito pequeno para tal empreedimento. 

Caminhei pouco. Testemunhei poucas paisagens. Ainda faltam os muitos mundos de Tólstoi, de Melville, de Sterne, de Saramago, de Dostoiévsky, de Borges, de Córtazar, de Sábato, de Garcia Marquez, de Thomas Mann, de George Eliot, de Faulkner, de Swift, Cervantes, de Euclides da Cunha, de Guimarães Rosa, de Dickens, de Fernando Pessoa, de Jorge Amado, de Saul Bellow, de Philipp Roth, de Pynchon, de Clarice Lispector, Tchekhov, de Leskov, de Joyce e tantos outros que aqui não citei.

Tenho a consciência de que a minha caminhada foi curta; meus passos, estreitos. Ainda há distâncias enormes a serem percorridas. Polifonias variadas. Amplidões que se estendem até ao infinito. 

Antes de colocar a minha lista - que não segue uma ordem de importância; foram sendo assinalados à medida que lembrava -, gostaria de explicar a presença de duas obras - o livro de C.S. Lewis e o livro de Carl Sagan, nomes de significâncias tão antagônicas. 

(1) O livro de C.S. Lewis foi marcante em minha existência. Era o ano de 2002. Meu primeiro ano no seminário como estudante de teologia. Um mundo de especulação. De paixões frementes. Sonhos. Expectativas. Paixão neófita. De repente, caiu-me às mãos o livro de Lewis. Um encontro apaixonante - sem sombras de dúvida! Um deslumbramento. O livro foi escrito no ano de 1955 e conta a sua história de conversão à fé cristã; sua cruzada como intelectual. Uma autobiografia. Suas descobertas como literato nos colégios ingleses. A descoberta dos clássicos. Os caminhos inescrutáveis da mitologia. No ano de 2002, li o livro duas vezes. Já procurei em várias livrarias, em sebos virtuais, mas não o encontro. A edição está esgotada. 

(2) O livro de Carl Sagan me surgiu como uma força elegante e compressora. Não possui relação com a literatura. É um livro de divulgação científica. Mas, pela beleza, pelo estilo apurado, pela singularidade, pela abordagem, bem que deveria figurar entre os grandes clássicos. È o último livro escrito por Sagan. Aquele em que ele resumiu, compilou de forma burilada o seu pensamento. Sagan era um gentleman mesmo quando era duro, mesmo quando era implacável com o oponente. Posso parafrasear Kant e dizer que, quando li Sagan, 'eu acordei de meu sono dogmático'. Ou seja, passei a perceber o quanto a relatividade, a ausência de um olhar sem preconceitos é necessária para que hajamos e encaremos o mundo com bom senso. A verdade não é algo que uns possuam e, outros, não, como dizia Nietzsche; e ainda citando o grande filósofo: "Não nos enganemos; os grandes espirítos são céticos". Era justamente esse ceticismo que Sagan pregava. Para ele, para se chegar à verdade eram necessárias duas coisas: ceticismo e a ousadia para criar. 

Abaixo a minha lista (em construção) - ratificando: ela não é definitiva nem segue uma ordem valorativa:

1 - Angústia - Gracialiano Ramos;
2 - Crime e Castigo - Dostoiévsky;
3 - As Confissões - Santo Agostinho;
4 - Memórias Póstumas - Mchados de Assis;
5 - O processo - Franz Kafka;
6 - Memórias do Cárcere - Graciliano Ramos;
7 - O mundo assombrado pelos demônios - Carl Sagan;
8 - Surpreendido pela Alegria - C.S. Lewis;
9 - A náusea - Jean-Paul Sartre;
10 - São Bernardo - Graciliano Ramos;
11 - Os sofrimentos do jovem Werther - Goethe;
12 - O fausto - Goethe;
13 - O morro dos ventos uivantes - Emily Brontë;
14 - Lady Macbeth do Distrito de Mtzensk - Leskov;
15 - O vermelho e o negro - Stendhal;
16 - Quincas Borba - Machado de Assis;

Há obras de autores que não citei como, por exemplo, Erico Veríssimo, Clarice Lispector, José Lins do Rego e outras obras de Machado de Assis.

P.S. Quiçá no próximo ano eu faça outra e outros nomes surgirão.

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