quarta-feira, maio 23, 2012

Aceitar a vida como movimento

É curioso e ao mesmo tempo espantoso ler um filósofo como Nietzsche; ou ler a respeito de um filósofo como Nieztsche. Os textos do alemão possuem tanta força, fúria e beleza, que até mesmo quando escrevem sobre ele, sentimos por tabela as marteladas das frases a quebrarem aquelas paredes enormes que a cultura do senso comum construiu em nós. Lendo o opúsculo de Mauro Araújo de Sousa (Nietzsche: viver intensamente, tornar-se o que é), encontrei uma frase do bigodudo que encheu a minha alma de um entusiasmo atômico. De repente, senti-me o ser mais vivo e perceptivo do mundo. Na tarde fria de Brasília, enquanto caminhava para um compromisso de início de noite, a afirmação do filósofo me fez entender (mais uma vez) o quanto é bom viver; o quanto é bom existir; ser o que se é; afirmar a vida em todo tempo; não ressentir-se. Nietszsche é um filósofo da vida. Fala o filósofo por intermédio do seu Zaratustra:

"Tudo vai, tudo volta; a roda da vida gira sem cessar. Tudo morre; tudo volta a florescer; correm eternamente as estações da vida. Tudo se destrói, tudo se reconstrói, eternamente se edifica a mesma casa da existência. Tudo se desagrega, tudo se saúda outra vez; o anel da vida conserva-se eternamente leal a si mesmo. A todos os momentos a vida principia; ao redor de cada aqui, gira a bola acolá. O centro está em toda parte. O caminho da eternidade é tortuoso".

Ou seja, a única novidade da vida, a única regra, a única verdade, o único absoluto que nos conduz é o movimento. Somos a eterna novidade da vida. Não há obstáculos ou está acima do bem e do mal aquele que aceita a potencialiadora realidade do movimento. Dizer sim à vida é aceitar a diversidade da mesma.

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