quinta-feira, maio 17, 2012

Uma caixa com sabor ibero-americano

Hoje cedo, ao sair para trabalhar, por volta de seis horas da manhã, o porteiro do prédio onde moro afirmou que havia uma encomenda para mim - na verdade duas! A primeira: um livro de Julio Cabrera (Projeto de Ética Negativa) que comprara há alguns dias ; o segundo: uma caixa com 25 livros da Coleção da Folha - Literatura Ibero-Americana. 

Não regressei para levar o material para casa. Estava em cima da hora. Teria problemas se me detivesse em outras situações. Mas um prazer silencioso se apoderou de mim. Fiquei lembrando a caixa o dia todo. Dentro, 25 volumes de mundos silenciosos, com lombadas roliças e aquele cheiro característico de livro novo.

Por volta das cinco da tarde, ao sair do trabalho, fui esperar minha esposa em um shopping aqui da cidade e, enquanto esperava, acabei indo a uma livraria. Exercício para viciado que fica por horas e horas olhando aquelas lombadas coloridas nas prateleiras. Deti-me numa coleção da José Olympio. E fui fisgado por Hermann e Hesse e Virginia Woolf. Acabei trazendo a inglesa. Gostei de Cenas Londrinas, um livro de crônicas gestadas a partir do olhar da autora de Mrs. Dalloway. Material curto. De 70 a 80 páginas com aquele estilo lancinante da autora inglesa. 

Ao chegar ao prédio onde moro, peguei a caixa e subi feliz. Quando abri a caixa, encontro os livros de autores do mundo latino. Ou seja, aquele mundo ligado por laços históricos e linguísticos - Espanha e Portugal e a galáxia de países da América Latina. Dos 25 livros, possuía apenas dois títulos: As meninas, de Lygia Fagundes Telles e O túnel, de Ernesto Sábato. Alguns outros títulos eu pretendia ler como, por exemplo, Cinzas do Norte, de Milton Hatoum; Suícidios exemplares, de Vila-Matas; Memória de Elefante, de António Lobo Antunes; e Repiração Artificial, de Ricardo Piglia.

Há outros nomes importantes na coleção: Saramago (Ensaio sobre a lucidez); Borges (O livro de areia); Onetti (47 contos de Juan Carlos Onetti);  Roberto Bolaño (Estrela distante). Em suma: estamos diante de um grande empreendimento. Algo realmeente desafiador. 

Os livros são bem encadernados. Possuem capa dura, o que nos dá a impressão de uma edição de luxo. Os desenhos foram bem escolhidos. Realmente de boa qualidade. Penso que a Folha ao publicar estes livros nas bancas, queira se aproveitar do mote do momento: a literatura produzida nos países de origem latina está em alta. Esta semana, morreu o mexicano Carlos Fuentes. Os noticiários anunciaram o acontecido. Achei curioso tal fato. Isso apenas mostra que vivemos um momento em que os escritores desses países se estabeleceram. Porque os países da América Latina eram subdesenvolvidos, achava-se que a literatura também era subdesenvolvida. Em outros tempos, se achava que os bons autores tinham a sua origem no eixo Europa/Estados Unidos. Isso mudou.  Descortina-se um outro cenário.

Para a nossa sorte!

4 comentários:

charlles campos disse...

Comprastes os 25 volumes de uma vez? É possível fazer isso? Como?

Carlinus disse...

Charlles, aposto que você já leu a maioria desses livros.

Se lhe interessar, abaixo segue o link:

http://ibero.folha.com.br/

Abraços!

charlles campos disse...

Grande parte ali eu ainda não li. O Paulo havia comentado da coleção lá no meu blog, mas eu não sabia que se pode comprá-los todos antes de saírem nas bancas. As capas são belíssimas.

Abraço.

Carlinus disse...

Charlles, pode sim! A coleção inteira custou por volta de R$ 417,00. Eles dividem até em 6 vezes no cartão de crédito!

Abraços, meu velho!