domingo, fevereiro 21, 2016

Crônica de uma viagem - parte 2

Como deixei transparecer na última postagem sobre a viagem que eu e minha esposa realizamos, saímos da rústica e atraente Lençóis e rumamos para Aracaju. Saímos por volta de 11 horas da manhã. O sol estava a pino. Incidia diretamente no calçamento pedregoso e criava uma expectativa por sombra. Tiramos algumas fotos do lugar. Olhei lânguido para os morros que cercam a cidade. Lençóis foi construída em um vale. Por dentro do seu organismo, há um rio com o nome da cidade, que a atravessa como se fosse uma veia femural.

Entramos no carro. Dirigimos os onze quilômetros da BA 144, que separam Lençóis da BR 242. Rumamos em velocidade regular. Bebericava a paisagem. Engolia-a. Sorvia o máximo possível. Tenho uma paixão por viajar de carro. Faz-me lembrar aquele música de Luis Gonzaga: "Estrada de Canindé". É indo pela estrada que vemos a natureza em sua largueza primeva - "O orvalho beijando a flor; o galo-de-campina, que quando canta muda de cor; as águas do riacho... que água fresca, nosso Senhor". Essa paráfrase surgia mansa por entre as folhagens da floresta enorme de contentamento. Todas as vezes que escuto essa música, sou atravessado pela certeza de que são as pequenas coisas que trazem gozos singelos e necessários. 

A velocidade do avião - para mim - é uma metáfora do mundo moderno. Estamos sempre correndo - até mesmo na hora em que viajamos. Não tenho pressa. Alguns detalhes acabam ficando para trás quando nos arvoramos, quando aceitamos a tresloucada indisciplina do nosso tempo. Estamos sempre correndo. E, por corrermos em excesso, deixamos passar alguns elementos que tornam a nossa vida mais plena de sentido. Pensando nessas coisas, eu conversava com a minha esposa. 

A estrada ia ficando para trás. As cidades a se sucederem, enquanto empreendia marcha tranquila - Tanquinho, São Miguel, Itaberaba, Argoim, Feira de Santana. Desde criança, desejava dirigir por esses trechos. Lembro-me de que em tempos de criança, eu, minha mãe e meu irmão costumávamos percorrer esse trajeto no ônibus da Viação Itapemirim. Íamos para Pernambuco praticamente todos os anos. Ficávamos quase três dias dentro do caixote amarelo motorizado. Até hoje, quando vejo um ônibus da empresa, vêm a mim os aromas indeléveis da infância. E, nesse sentido, recordo-me de uma frase de Rubem Alves. Diz ele que 'a felicidade é o que descobrimos quando voltamos ao mesmo lugar'. Sim. Para mim, voltar àquele lugar significa sentir os eflúvios de um tempo que não é mais matéria, mas é saudade. 

Chegamos a Feira de Santana por volta das três da tarde. Entreguei o volante à minha esposa. Ela dirigiu um pequeno trecho pela BR 324, que segue para Salvador. Pegamos desvio. Seguimos pela BR 101, uma das maiores rodovias do Brasil. O pesado fluxo de caminhões torna a direção um negócio que exige paciência. Alguns sujeitos acabam assumindo uma postura de doidivanas. Fiam-se por um estouvamento inconsequente. Fazem ultrapassagens impossíveis como se estivessem fugindo de ameaça poderosa. Metem-se em brechas. Costuram pelo acostamento. Põem em risco a vida do cidadão tranquilo que segue alheio a esses rompantes de imprudência. Absurdifiquei-me em alguns momentos. Arreliei-me. Engrossei o discurso em um protesto arrepiado. Tentei meter juízo em minha razão incrédula. Fazer um exercício de compreensão. Mais protestos. Minha esposa achou que minha expansão era pouco razoável. Voltei a mim. Fiquei a pensar como o sujeito se mete em desatinado empreendimento.  Certamente, tal ação é desnecessária. O procedimento do pequeno-burguês ajuda a aumentar as estatísticas com acidentes terríveis pelas estradas brasileiras. Dentro do seu modelo SUV, o patife sente-se protegido. Exibe sua pretensa potência para o mundo. O carro é uma armadura. O pulha se acha encapsulado, protegido das refregas do mundo exterior. Seu senso de liberdade é uma ameaça a sujeitos que buscam apenas seguirem com tranquilidade para os seus destinos como eu estava naquele momento. 

Trecho complexo entre Feira de Santana-BA e Estância-SE. E minha esposa aguentou a premência da situação. Uma admiração silenciosa cresceu em mim. Chegamos a Aracaju por volta de sete e meia da noite. Em um primeiro instante, julguei o trânsito caótico. Ao passar pela Rodoviária Interestadual da cidade, lembrei o fato de ter estado lá dois anos antes. Achamos o hostel onde ficaríamos por seis dias. Saímos para comer. Fizemos um reconhecimento inicial da orla simpática de Atalaia. Nunca havia visto tanto lugar onde se pode tomar açaí. Pensei em associação invisível entre os sergipanos e paraenses.  

Ficamos na cidade do dia 29 de dezembro até o dia 4 de janeiro. A experiência foi positiva. A capital sergipana é cheia de atrativos. A logística do trânsito funciona de forma satisfatória. Enquanto estive por lá, a cidade estava empanturrada de turistas. Sair para comer à noite era sempre disputado. Os restaurantes e lanchonetes estavam lotados.

Suas praias não são das mais belas. O mar é bastante recuado. Caminha-se mais de cem metros para se chegar até a praia em alguns trechos. As ondas são sempre agitadas. Quem gosta de vagas mais tranquilas, certamente não as encontrará em Aracaju. Todavia, a cidade possui um charme particular. O povo é receptivo e conversador.

Dois locais deixaram marcas salientes em minha visita a Sergipe. O primeiro deles é a visita que fiz à Usina de Xingó, localizada a aproximadamente duzentos e trinta quilômetros da capital, localizada no município de Canindé de São Francisco. Compramos o passeio. A empresa apareceu por volta de sete e meia da manhã. O café da manhã da pousada ficou incompleto. Não concluímos o repasto matinal. A vã deu várias voltas pela cidade para pegar outros sujeitos que se fiariam na viagem também. Viajamos por cerca de três horas e meia para chegar até lá.

O motorista da condução aparentava sinais de cansaço. Os olhos eram duas esferas vermelhas. Disse em outro momento para mim que acordara às cinco e meia da madrugada. Um átimo de preocupação acometeu os circunstantes. Certos indivíduos resolveram puxar conversa com o sujeito. Com esse mister seguimos pelo sertão sergipano. Casas acanhadas no meio da vegetação seca, estorricada. Árvores distantes, separadas por distâncias enormes. As catingueiras a surgirem floridas em ilhas no meio da paisagem agreste. Em planícies ressequidas, povoadas pelas manchas amarelas dos pau d'alhos, o gado magro se alimentava de uma vegetação inexistente e seca. Plantações de cactos nos quintais das casas criavam uma paisagem diversa. Fiquei a pensar na utilidade da planta; como o sertanejo arranjava emprego para a palma espinhosa.

Ao passarmos por Poço Redondo, o guia nos comunicou que aquele foi o lugar em que Lampião e seus cabras foram apanhados pelas tropas policiais e depois tiveram suas cabeças cortadas, sendo exibidas em seguida como se tratasse de um aviso sinistro, terrível. Pelo que entendi, existe um passeio que é feito para se conhecer o local da emboscada montada pelos sicários do governo para apanhar a grande lenda do cangaço.

De Poço Redondo a Canindé de São Francisco a viagem deve demorar, no máximo, quarenta minutos. Seguimos. Chegamos à cidade. Coleamos um trecho íngreme. Descemos. Debaixo, pude avistar as paredes e as turbinas da Hidroelétrica. Um trecho pedregoso se avizinhou. Chegamos a um plano mais alto. De lá, pude avistar o imenso lago da Usina. O motorista tentou arranjar uma vaga no estacionamento impossível. Uma renque de ônibus e carros de passeio a equilibrarem-se numa ladeira. Descemos do veículo. O sol inclemente golpeava o meu cocuruto. Criava uma sensação de asfixia. Gotículas davam a sensação de que ribeiros insignificantes corriam por baixo da camisa. Queria uma sombra. Fomos conduzidos a um espaço exíguo. O guia foi comprar os ingressos. Fiquei a observar o espaço no meio da grande chusma. Vozerio imenso. Sujeitos passavam. Uma música capenga de tom festivo se misturava a uma voz que dava instruções para as viagens que sairiam mais tarde nos catamarãs.

Ingressos conseguidos, eu e minha esposa entramos numa debate sobre a possibilidade de almoçar. A fila para comprar os ingressos para o almoço era uma serpente de extensão considerável. Dava voltas. Adquiria formas novas. Fundia-se. Era atravessada por ela mesma. Os cozinheiros levavam panelas enormes para um espaço contíguo. Faziam-se solicitações a fim de lograrem espaço ocupado por copiosa gente. Eu e e minha esposa chegamos à beira do caixa para sermos atendidos. Encetamos novo debate. Seria possível almoçar em meio a tão grande magote? Perderíamos a embarcação? Por fim, desistimos.

Fato interessante se deu quando eu estava sozinho, encostado à amurada de madeira, observando as susceptibilidades. Alguém chegou e perguntou em qual fila seria possível comprar o ingresso para o almoço. Senti-lhe o sotaque. Percebi que se tratava de um habitante da comunidade lusófona. Fiz algumas indagações e iniciamos uma parolagem que se estendeu por quase uma hora. Tratava-se de um sujeito de nome Wagner Bichó, nascido em Guiné Bissau, professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que estava por ali com finalidades prescrutadoras. A conversa ziguezagueou por temas diversos. O sujeito falava dos assuntos do nosso nanismo nacional com conhecimento, agudeza e tenacidade. Não pude deixar de admirar-lhe a capacidade. Sua visão humanística. A elasticidade da fala. O primor na análise. A docilidade do dialeto. Os tropos a se derramarem em aplicações exatas. Entusiasmei-me. Gostei daquela figura. Havia um vínculo invisível em nossas histórias. Aproximava-nos por causa dos lastros de exploração sofridos pelo continente africano e o colonialismo impingido ao Brasil e ao restante da América Latina. O encontro com o Wagner valeu a minha ida até o Xingó. Desejei conversar mais. Despedi-me. A embarcação fazia a chamada para o passeio.

Aprumamo-nos na prancha da embarcação. O sol inclemente do início da tarde molestava selvagemente. Recebemos instruções. A embarcação saiu leve, singrando pelas águas esverdeadas do Velho Chico. A extensão líquida de cor de esmeralda criava um contraste intrigante com a paisagem severa que se espalhava ao redor. Dentro da embarcação, procurei um lugar adequado para fazer algumas fotografias. Um falatório grosso não possibilitava qualquer compreensão. A massa sonora era um afluente da música que tocava. As duas braças sonoras se encontravam. Formavam um organismo confuso. O consumo de cerveja esticava os ânimos. Mais falatório. No canto, eu procurava me nutrir da paisagem. Trata-se de um lugar de beleza exótica. A água, potencializadora da vida, estava ali em excesso, costurada nas várias ramificações do corpo do lago e, mesmo tempo, do outro lado, a secura, a paisagem pedregosa e inamistosa, polvilhada pelo sol abrasivo, fazia surgir dualidades. Não deixei de pensar sobre esse fato. Grotas enormes. Pedras. Escarpas vermelhas. Imaginei os bichos que se abrigavam por ali - serpentes venenosas, escorpiões, lagartixas.

A viagem durou cerca de quarenta minutos. Ao chegar ao destino, ficamos uma hora. Retornamos próximo das quatro. A viagem de volta foi longa. Desejei retornar logo. Imaginei os bugalhos vermelhos do motorista. O cansaço acumulado. O corpo a reclamar o descanso. Finalmente, Aracaju apareceu por volta da oito da noite.

Outro fato gostoso que se deu foi a visita ao Museu da Gente Sergipana. O espaço é dedicado à divulgação da cultura e da história do povo sergipano. Procura-se com isso dignificar os costumes, tradições, os falares, as personagens, que construíram e constroem o modo de ser de Sergipe. Algumas revindicações do museu, pelo que observei, podem ser encontradas em outros estados nordestinos - Pernambuco, Paraíba, Alagoas, por exemplo. Refiro-me a determinadas expressões, festas, objetos variados da cultura. O visitante desavisado acaba achando que se trata de algo privativo da cultura de Sergipe. Não. Penso que além de exaltar o Estado, o museu enobrece a bela e rica cultura nordestina.

Um aspecto muito importante do museu é a interatividade. Em todos os espaços, o visitante pode participar, jogar, manipular, verbalizar com os objetos, vídeos, telas animadas. Pode-se ficar bastante tempo por ali. Enriquecer-se com o enxurro de informações.

Aracaju deixou-me impressões grossas e prazenteiras. Saí de lá bastante feliz. Valeu a visita. Pretendo revisitá-la.



Saímos de lá dia quatro de janeiro e fomos para João Pessoa, a capital paraibana. 

Últimos instantes em Lençóis

BR 242 - próximo a Argoim-BA

Sertão sergipano




Chegada ao lago de Xingó. No centro, São Francisco
Praça Lampião - Poço Redondo- SE


Lago de Xingó-SE


O ludismo do tempo na pasiagem
Minha senhora a contemplar a beleza esverdeada
Eu em frente ao Museu da Gente Sergipana
Algumas palavras que povoam o falar do sergipano - não somente do sergipano



terça-feira, fevereiro 09, 2016

"Contos de Kolimá", um retrato implacável feito pelo homem - contra o homem

“A natureza no Norte não fica apática, indiferente: ela entra em conluio com aqueles que nos mandam para lá”. (p. 116)

"Cada minuto da vida no campo de prisioneiros é um minuto envenenado". (p. 239)

O livro Contos de Kolimá, de Varlam Chalámov, é uma revelação do asfixiamento moral e do desnudamento completo da natureza humana; de como o ser humano pode se transformar em criatura guiada pelo instinto de sobrevivência quando enxovalhado por condições que maculam a sua existência.

Kolimá é uma região desolada da imensa Sibéria. Era para lá que os prisioneiros políticos do regime soviético eram levados. Segundo Varlam Chalámov, em certas épocas a temperatura chegava a sessenta graus negativos ("o cuspe congelava antes de chegar ao chão"). As vestimentas precárias, a condição de vida miserável, a alimentação insuficiente e pobre, o trabalho excessivo no ambiente frio, aniquilavam o corpo e o espírito.

A prosa de Varlám Chalámov é fria, assim como a paisagem da Sibéria. A imersão que ele faz nos tipos humanos: a arrogância dos soldados do regime, a canalha acumulada aos magotes no campo de concentração, a comida capenga, o escorbuto a fazer cair a pele, a carunchar os tecidos epiteliais, os ambientes inóspitos da região gelada, a natureza que parecia se aliar aos algozes, fazendo aumentar os infortúnios; o trabalho excessivo, às vezes, chegando a turnos extremos de dezesseis horas diárias em minas de carvão e ouro para cumprir as sanções do regime stalinista.

Chalámov esteve por mais de vinte anos nesses campos de trabalhos forçados. A primeira vez foi para lá por ter ingressado em um grupo que pedia a renúncia de Stálin. Na segunda vez, escreveu um livro e acabou sendo preso, acusado de orquestrar atividades clandestinas. Filho de um sacerdote, sua família perdera os privilégios com a Revolução de Outubro. Com o recrudescimento dos expurgos de Stálin, quando passou a haver uma sistematização da perseguição aos opositores do regime e o "arranjo" humilhante da deportação para a Sibéria, Chalámov foi parar em Kolimá. A paisagem branca e severa da Sibéria é uma inimiga atroz da condição humana. E quando não se está preparado para ela, ela castiga mais que o ódio humano.

As autoridades soviéticas sabiam muito bem o porquê de enviar os prisioneiros para lá: não havia possibilidades de fugas ou expansões que permitissem revoltas. Subnutridos e humilhados, os prisioneiros iam sendo puídos pelas condições medonhas a que eram submetidos. A única alimentação medonha que, o escritor teve, de forma sobeja, foram os traumas que se sedimentaram como uma camada compacta, maciça, escabrosa, fossilizada, nos recantos escuros da memória. O escritor externou, a partir de 1953, o resultado daquele produto. O trabalho o absorveu por vinte anos. Desfazer-se daquilo foi uma tarefa arqueológica. Escoimou-se, por isso. Purificou-se. Ou simplesmente, narrou de forma dura a fim de exprimir com o realismo necessário a dureza sentida na pele e na alma.

Varlam Tikhonovitch Chalámov
Chalámov deixou um registro da brutalidade, da vilania direcionada a outro ser humano. Atualmente, os Contos são de leitura na Rússia. Acredito que sejam um dos documentos mais bem escritos sobre as condições de penúria da vida de qualquer ser humano. O homem submetido a juízos extremos tende a perder a casca desenhada pela civilização; um homem que tem a fome como companheira inseparável, tende a ganhar instintos selvagens; um homem que passa a ter sua dignidade der ser humano ameaçada, volta a um estado de natureza, ou seja, passa a desprezar a vida de si e do outro. Chalámov é um retratista atento desse quadro medonho. A vida humana não valia nada naquele lugar. A mão poderosa de um Estado invisível que se agigantava, tornava-se presente na ameaça implacável do fuzil. Os prisioneiros eram matéria imprestável e passageira para a essa burocracia mesquinha. Se morressem, eram jogados na paisagem fantasmagoricamente branca; alimentariam os lariços ou a taiga quando chegasse o verão ou a primavera.

Qualquer degrau social possui a sua característica. Os tipos humanos de cada geografia correspondem aos atributos do lugar. É curioso, por exemplo, perceber Chalámov citar Dostoiévski (Recordação da casa dos mortos) e apontar que o autor de Crime e Castigo ficou "enternecido" com os tipos criminosos da cadeia, quando estivera preso na Sibéria, no século XIX. Em Kolimá, Dostoiévski "não se permitiria a expressar nenhuma compaixão". Chalámov acrescenta: "O chefe é grosseiro e cruel, o educador mentiroso, o médico inescrupuloso, mas tudo isso são bobagens em comparação com a força corruptora do mundo da bandidagem. De qualquer modo, são pessoas, mas neles raramente se manifesta algo de humano. Os bandidos, portanto, não são humanos". Na prosa de Chalámov se encavalam monstros, bichos sórdidos que buscam sobreviver na tenacidade contrastável do submundo.

A Editora 34 lançou os Contos de Kolimá o ano passado. Pretende lançar outros cinco volumes com a prosa dura de Chalámov - Vol. 1 - Contos de Kolimá; Vol. 2 - A margem esquerda; Vol. 3 - O artista da pá; Vol. 4 - Ensaios sobre o mundo do crime; Vol. 5 - A ressurreição do lariço; e Vol. 6 - A luva, ou KR-2. Se assemelharem ao primeiro são, portanto, imperdíveis.